sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Somos todos filhos do mesmo Deus?

«Bendito seja Deus que, do alto dos céus, nos abençoou com toda a espécie de bençãos espirituais em Cristo.'Ele nos escolheu antes da criação do mundo para sermos santos e imaculados diante dos Seus olhos... Porque somos filhos de Deus, Ele enviou aos nossos corações o Espírito de Seu filho, que em nós clama: Abbá, Pai!»
Penso que constantemente nos esquecemos de que esta é uma das maiores verdades da existência humana e da descoberta de Deus e da santidade. Mais do que Sua criação, mais do que simples obra, trabalhada e moldada, somos seus filhos! Isso dá-nos o direito de aspirar à santidade, mas não nos confere esse direito como herança!
Neste caminho para a santidade, somos convidados por Deus a ser membros de uma comunidade de fiéis que nos acolha como seus irmãos e a quem, segundo a nossa generosidade, devemos apresentar os nossos dons para o serviço de todos.
«Os cristãos, todos os dias, em todos os passos da sua vida, tentam ser fiéis ao Evangelho. Querem que o Reino de Deus se manifeste, cada dia, entre os homens, querem ser solidários e lutam por uma vida mais digna para todos, querem espalhar amor à sua volta, querem tornar realidade a fé que têm.»
No entanto, para que nos sintamos comunidade e para que sejamos solidários com essa mesma comunidade é necessário que nos conheçamos, que nos respeitemos e que no limite nos amemos como irmãos em Cristo.
Nas comunidades sofremos cada vez mais do problema de falta de comunhão. Nota-se nos pequenos e nos grandes pormenores. Mas principalmente nos pequenos, quando não somos capazes de nos sentarmos ao lado de um irmão que não conhecemos quando vamos a uma celebração. Sujeitamo-nos, porventura, a sentarmo-nos no fundo da Igreja ou até a ficar completamente desenquadrado com o espaço celebrativo, onde Cristo se oferece repetidamente em sacrificio por nosso amor, só para não nos "misturarmos" com quem não conhecemos. Então como podemos nós aceitar que nos chamem de irmãos, como o presidente tantas vezes exorta durante as orações, se não o aceitamos se não acreditamos que somos?
Se não somos realmente irmãos então de que Deus somos filhos? Se não conhecemos o nome, a família, a profissão, talvez até as dificuldades, de que quem se senta ao nosso lado numa celebração... então com que direito rezamos "Pai nosso..."?
«O cálice de benção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão.»
Olho para comunidades que não comungam do mesmo Cristo... que seguem diferentes Evangelhos... que pensam na Igreja como um monte de tijolos, quando confudem a casa do Senhor com as "pedras vivas do Templo do Senhor". Quando escondem a pobreza das suas almas por detrás da renovada beleza da casa do Senhor e os seus corações continuam tão velhos e acabados como os antigos pilares, agora renovados, do sagrado templo onde se reúnem "em Igreja" para fazer que O louvam.
Descobri que nas comunidades cristãs é possível celebrar um aniversário de matrimónio à porta fechada. Quando deparado com isto, pergunto-me, profundamente entristecido: são os outros mais ou menos dignos de comparticipar nessa celebração? É por vergonha ou por soberba que se comete um acto destes? Somos nós mais que Deus, Ele que não faz acepção de pessoas?
Descobri que nas comunidades cristãs não interessa a verdadeira reunião do povo de Deus e a cada vez maior massificação das assembleias. Interessa sim o espaço onde o fazemos. Então pobres daqueles santos que nos primeiros tempos da Igreja se reuniram em grutas ou em casas abandonadas ao contrário dos belos templos dos nossos dias... Vale a pena que por isto se contribua para a criação de uma comunidade de primeira e uma comunidade de segunda? Não serão os cristãos capazes de criar o espaço e o ambiente propício à celebração através de cuidados requintes de adorno quando o habitual espaço de culto não o permite? É claro que sim... não sejam hipócritas e deixai de usar a casa do Pai como estúdio fotográfico, como casa de ladrões que convidam os seus amigos para fazerem as suas festas esquecendo-se de convidar o dono da casa!
Seremos nós mesmo filhos do mesmo Deus? Às vezes não acredito...

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